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Microplástico: você sabe como ele é originado e os prejuízos que causa à saúde humana e ambiental?

Atualizado: 6 de nov. de 2020

Autores: Priscilla Nonato, Mariana P. Haueisen, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró



Foto de partículas visíveis a olho nu, em diversas cores e com formatos irregulares, sobre uma superfície plana.

Partículas de microplástico coloridas. Fonte: Oregon State University/Flickr (CC BY-SA 2.0).



Muitas pessoas podem ter ouvido falar sobre a poluição dos rios e mares por plásticos. Entretanto, será que já ouviram algo sobre os microplásticos e como eles estão afetando a vida marinha e a saúde humana?


Cerca de 70,8% da superfície da Terra é coberta pelos oceanos, os quais possuem um papel muito importante na vida do planeta. Os oceanos são grandes produtores de oxigênio, regulam a temperatura planetária e são neles onde se encontra a maior biodiversidade. Portanto, ecossistemas do mundo inteiro se baseiam na saúde dos oceanos.


As intervenções do ser humano na saúde da vida na Terra têm sido amplamente discutidas. Os oceanos são, muitas vezes, tratados como um local de despejo. A estimativa, em 2016, era que cada pessoa do planeta iria usar e descartar 136 kg de plástico, sendo que mais de 80% desse material estaria presente nos oceanos tem origem das ações antrópicas. Pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico escoam para os oceanos anualmente, isso equivale a um caminhão de lixo por minuto sendo jogado nos oceanos. Um exemplo extremo é a garrafa PET (polietileno tereftalato) que pode permanecer no meio ambiente por cerca de 800 anos.


Além de ser um material de baixo custo, um dos fatores que fazem com que os plásticos sejam tão utilizados é justamente o mesmo fator que mais contribui para sua ameaça ao meio ambiente: a resistência à degradação. Com isso, há uma produção em larga escala, consumo exacerbado e descarte inadequado.



ILHAS DE PLÁSTICO


O “lixo flutuante” (ilhas de plástico), chega aos mares pela água dos rios, esgoto e por meio do descarte de grandes embarcações. Os resíduos sólidos deixados nas praias pelos banhistas também podem ser espalhados nos oceanos pelas correntes marítimas e do vento. Dessa forma, é desencadeada uma série de problemas ambientais relacionados aos ecossistemas e às interações tróficas entre os organismos, que podem perdurar séculos.



Homem em uma embarcação no meio de uma Ilha de plástico, a superfície do mar estáa coberta por resíduos sólidos.

Ilha de plástico oceânica no mar do Caribe. Fonte: Caroline Power/BBC News Brasil©.



O problema é que esse tipo de poluição não é sempre visual: 70% de todo plástico lançado nos oceanos afunda, aglomerando-se no fundo marinho. Sacolas, lacres de garrafas e pedaços de redes de pesca muitas vezes se enrolam em animais, como focas e filhotes de tartarugas, causando estrangulamento na medida em que crescem, levando à sua morte. A desova de tartarugas marinhas em determinadas praias também pode ser dificultada pela quantidade de lixo flutuante ou mesmo por resíduos deixados na areia.



Foto de uma espécie de peixe em seu habitat natural que se encontra imobilizado dentro de uma luva plástica.

Peixe imobilizado dentro de uma luva plástica. Fonte: joelsaucedosaucedo/Pixabay (CC0).



Animais marinhos confundem pedaços de plástico em movimento com presas, ingerindo-os em quantidades excessivas, o que pode causar asfixia, intoxicação e obstrução do trato gastrointestinal desses animais.



MICROPLÁSTICOS


Os microplásticos são pequenos pedaços de plásticos que têm origem em pedaços maiores, podem ter extremidades com pontas e muitos flutuam pelos oceanos. Os plásticos que conhecemos são fragmentados em partes menores pela ação de raios ultravioleta, ondas e sal marinho e apresentam alta capacidade do índice de absorção de substâncias tóxicas e sofrem constante alteração em sua composição química. Apesar disso, a durabilidade desse material é de centenas de anos no mar.


A presença dos microplásticos nos oceanos é cada vez mais evidenciada. Por exemplo, um estudo vem sendo realizado com amostras de marcas de sal de cozinha pelo mundo, e, na maioria das análises, foram encontrados microplásticos no sal.


Microplásticos são ingeridos pelo plâncton, pelos peixes e por animais de grande porte. Dessa maneira, os microplásticos passam a fazer parte da teia alimentar da biodiversidade marinha, afetando diversos seres e, inclusive, o ser humano, como consumidor da carne de peixe e de outros frutos do mar. As substâncias tóxicas atuam no processo de bioacumulação nos sistemas biológicos, o que significa que não só um nível trófico a classe de organismos é prejudicado pela exposição, mas todos aqueles envolvidos na cadeia alimentar.


Quando animais consomem plástico, estão consumindo todas as toxinas incorporadas nele, as quais passam para a corrente sanguínea, acumulam-se na gordura e em órgãos vitais. Quando a gordura é queimada, as toxinas circulam pelo corpo interferindo no metabolismo, na reprodução, no sistema urinário e na atividade do fígado. Cientistas da Universidade de Ghent, na Bélgica, calcularam recentemente que os consumidores regulares de marisco estão comendo até 11 mil fragmentos de plástico com os frutos do mar a cada ano.


O que se tem certeza é que o problema do lixo plástico já virou um dos maiores desafios ambientais da humanidade. Iniciativas como redução do consumo, iniciativas de descarte adequado, valorização de catadores e a reciclagem dos materiais, oferecem soluções por meio da transformação de problemas ambientais em produtos valiosos.


Um exemplo no Brasil é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que incentiva a coleta seletiva (reciclagem/compostagem), prevê a responsabilidade compartilhada com fabricantes e consumidores, atua com logística reversa (recuperação de materiais após o consumo, continuidade para seu ciclo de vida como insumo para fabricar novos produtos) e tem como princípios reconhecer resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis como bem econômico e social gerador de emprego e renda.


Diante da situação atual de poluição por plásticos, surgem pesquisas científicas cada vez mais eficazes sobre biorremediação. Esse é um processo natural em que organismos vivos são utilizados para degradar contaminantes no ambiente, e cada vez mais tem-se estudado utilizar a biorremediação para degradação dos plásticos, reduzindo assim os efeitos negativos que esse material vem causando. Mas, além disso, a importância de agirmos com a política dos três R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) ainda é mais eficaz para diminuir o consumo e descarte de plástico no meio ambiente, reduzindo, assim, os efeitos negativos dos microplásticos.



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Bibliografia


ARANTES, José Tadeu. Pesquisa melhora enzima que degrada plástico. 2018. Agência Fapesp. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/pesquisa-melhora-enzima-que-degrada-plastico/27651/. Acesso em: 3 dez. 2019.


BBC NEWS. Plástico no oceano: baleia é encontrada morta com 40 kg de sacolas no estômago. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-47614367>. Acesso em: 03 dez. 2019.


CASTRO, Carol. Plástico nos oceanos pode triplicar até 2025: relatório britânico emite alerta sobre a presença desses materiais nas águas. poluição nas costas contribui para proliferação de bactérias. Relatório britânico emite alerta sobre a presença desses materiais nas águas. Poluição nas costas contribui para proliferação de bactérias. 2018. Super Interessante. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/plastico-nos-oceanos-pode-triplicar-ate-2025/. Acesso em: 1 abr. 2020.


Documentário: Oceanos de Plástico, 2016. Produção: Jo Ruxton, Adam Leipzig.


HYPENESS. Lei anti-plástico reduziu em 67% a mortalidade dos animais por sufocamento no Quênia. Disponível em: < https://www.hypeness.com.br/2018/07/lei-anti-plastico-reduz-em-67-morte-de-animais-marinhos-por-sufocamento-no-quenia/>. Acesso em: 26 mar. 2019.


LAWRENCE, David M.. Https://www.theuniplanet.com/2017/02/quem-come-peixe-e-marisco-ingere-ate-11.html. 2017. The Uniplanet. Disponível em: https://www.theuniplanet.com/2017/02/quem-come-peixe-e-marisco-ingere-ate-11.html. Acesso em: 8 mar. 2020.


PARKER, Laura. Microplásticos encontrados em 90% do sal de mesa: um novo estudo analisou o mar, a rocha e o sal de lago vendidos em todo o mundo. aqui está o que você precisa saber.. Um novo estudo analisou o mar, a rocha e o sal de lago vendidos em todo o mundo. Aqui está o que você precisa saber. 2018. National Geographic. Disponível em: https://www.nationalgeographic.com/environment/2018/10/microplastics-found-90-percent-table-salt-sea-salt/. Acesso em: 3 dez. 2019.



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